Blog de Criação de Roteiros
Publicado em por Rylee Beckett

Membro em destaque: Harry Reite

O destaque para membros da SoCreate desta semana apresenta Harry Reite, um roteirista radicado em Paris que transformou adversidades pessoais em impulso criativo com seu primeiro longa-metragem de suspense psicológico.

Ele abordou a história com precisão e propósito, tratando-a como uma investigação genuína. A trama segue um funcionário reservado levado ao limite por um chefe manipulador, preparando o terreno para um ato calculado de vingança que testa os limites da estratégia e da sobrevivência.

Usando a SoCreate, ele visualizou sua história como a imaginava na tela. Desde a organização de cenas e cenários até a integração de músicas e visuais de personagens, a plataforma deu a ele a estrutura e a flexibilidade criativa que ele precisava para dar vida à sua visão.

Agora, ele está ansioso pelo futuro do cinema e pretende ver seu projeto na tela. A jornada de Harry como roteirista é inspiradora e mal podemos esperar para que você ouça sua história e suas ideias criativas!

  • O que o inspirou a começar a escrever roteiros e como sua jornada evoluiu ao longo do tempo?

    Comecei a escrever meu roteiro depois de ter uma ideia relacionada à criptomoeda, tema que me interessa há vários anos. O que realmente me impulsionou a começar a escrever foi um acontecimento pessoal significativo que despertou em mim uma emoção muito negativa. Procurei uma forma de transformar essa energia em algo positivo e construtivo, e escrever me pareceu a escolha óbvia. Colocar essa história no papel me permitiu entender o que havia vivido.

  • Em que projeto você está trabalhando atualmente? O que mais te entusiasma nisso?

    Atualmente estou trabalhando em um longa-metragem de ficção que classificaria como thriller psicológico ou filme noir. Este projeto me entusiasma porque me permite explorar dinâmicas de poder, conflitos humanos profundos e o fascinante mundo das criptomoedas.

    O que me entusiasma particularmente é toda a investigação inicial: para que o crime seja credível e para que a personagem sobreviva, tenho de identificar todas as falhas do sistema. É um verdadeiro esforço investigativo – eu pesquiso, faço ligações, investigo cada detalhe como se fosse eu quem planejasse o roubo. A única diferença é que permaneço dentro da lei fazendo isso através da ficção e da escrita.

    É sobre um funcionário comum e discreto que é levado ao limite por um superior malicioso que o mergulha num inferno profissional de humilhação e manipulação. Mas por trás de sua aparente docilidade, o protagonista esconde uma raiva oculta, uma fera adormecida que desperta ao descobrir que seu algoz detém uma fortuna em criptomoedas. Num mundo onde as finanças descentralizadas transformam cada indivíduo num cofre ambulante, o protagonista elabora um plano ousado e metódico para roubar esta fortuna e arruinar o homem que destruiu a sua vida. Não é apenas vingança; é uma batalha psicológica e estratégica onde cada movimento deve ser calculado para atingir com força, sem deixar rastros. Uma história onde a malevolência, a humilhação e as falhas humanas colidem com a inteligência fria de um homem disposto a fazer qualquer coisa para recuperar o controle de seu destino.

  • Você tem uma história favorita que escreveu, por quê?

    Este é meu primeiro longa-metragem de ficção.

  • A SoCreate moldou a maneira como você escreve?

    Sim, a SoCreate influenciou meu estilo de escrita. Permite-me ser muito preciso desde o início, sem ultrapassar os elementos. Escrevo como um diretor: incorporo cenários, fotos, atores que conheço ou imagino (e sei que música gostaria de incluir em determinadas passagens, que posso acrescentar em NOTAS). Isso me dá uma visão quase storyboard do projeto, muito próxima do que tenho em mente na tela.

  • Você tem rotinas, rituais ou hábitos específicos que o ajudam a permanecer criativo?

    Faço anotações regularmente em um caderninho, assim tenho certeza de que não esqueço nada. Não importa a hora do dia, assim que uma ideia me surge, eu anoto-a imediatamente. Muitas vezes, uma ideia leva a outra. Acho que meu cérebro funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana – continuo inspirado porque estou passando pelas emoções enquanto vivo minha história.

  • Como é o seu processo típico de escrita, do conceito ao rascunho final?

    Escrevo em casa, sempre sentado no lado esquerdo do sofá. Meu telefone fica no apoio de braço esquerdo e na pequena mesa à esquerda há uma lâmpada e um filtro de linha onde conecto meu telefone e os carregadores do computador. Na almofada à minha direita, de fácil acesso, guardo meu caderno, caneta e óculos. Há também uma pequena manta sempre colocada atrás de mim, no encosto do sofá, e uma garrafa de água aos meus pés. Meu MacBook está sempre no meu colo.

    Geralmente escrevo entre 3 e 4 horas, de manhã ou à tarde, nunca mais. Sei de antemão o que vou escrever e passo cena por cena. Ao final de cada sessão, salvo meu trabalho, exporto-o como PDF e salvo em uma pasta dedicada em meu computador. Sempre releio o que escrevi antes de desligar o computador.

  • Como você lida com o bloqueio de escritor ou com os momentos em que é difícil encontrar inspiração?

    Quando ocorre o bloqueio de escritor, trabalho em um escritório fora de casa. O simples fato de estar em um espaço de trabalho dedicado costuma ser suficiente para trazer de volta as ideias e a inspiração de que preciso para seguir em frente com minha história.

  • Qual foi a parte mais desafiadora de sua jornada de escrita e como você a superou?

    O momento mais difícil foi em dezembro de 2024 (estava muito frio em Paris), durante as obras do meu apartamento. Tive que ficar no local para abrir as portas aos trabalhadores e fiscalizar o canteiro de obras. Era barulhento, empoeirado, os móveis cobertos de lonas e fazia frio: os aquecedores haviam sido retirados para refazer as paredes e a pintura. Apesar destas condições muito desconfortáveis, eu tinha estabelecido um prazo e tinha tantas ideias em mente que tive de anotar. Então, ao me acomodar em um pequeno canto de uma cadeira, perseverei. Com coragem e determinação consegui superar esse período e seguir em frente com meu trabalho.

  • O que você adora na SoCreate?

    O que gosto no SoCreate é que ele me permite dissecar minhas cenas e reorganizá-las facilmente na linha do tempo se eu mudar de ideia. Também aprecio poder exportar meu trabalho como PDF e integrar meus cenários, fotos e personagens. E o novo recurso que permite rolar a história no final é muito interessante. Espero que um dia a plataforma chegue ao ponto de oferecer um storyboard real. E está traduzido para o francês.

  • Você recebeu algum prêmio ou elogio por sua escrita?

    Um dia, se Deus quiser...

  • Existe algum marco em sua carreira de roteirista do qual você esteja particularmente orgulhoso?

    Sim, apenas escrevendo a palavra “END” no final do meu roteiro. E ser capaz de dizer a mim mesmo que consegui.

  • Qual é o seu objetivo final como roteirista?

    Para concretizar o projeto e ver o filme se concretizar.

  • Que conselho você daria a outros roteiristas que desejam se conectar a uma plataforma ou comunidade como a SoCreate?

    Eu diria que você tem que visualizar o seu filme e tentar divulgá-lo na plataforma. Para isso, é importante ter em mente os personagens para destacá-los, além de fotos dos cenários que você imagina usar. Isso ajuda a dar substância ao projeto e torná-lo mais vibrante.

  • Qual foi o melhor conselho de redação que você já recebeu e como isso moldou seu trabalho?

    O melhor conselho de redação que recebi é que, para qualquer história, você deve primeiro saber o começo e o fim. Isso é o mais importante. Depois de ter esses dois pontos de referência, é como duas fatias de pão: só falta colocar o recheio no meio, que vem aos poucos. Foi exatamente isso que eu fiz. Comecei do início, sabia o fim e avancei passo a passo. Cada ideia levou a outra, a inspiração veio no caminho e foi assim que construí e completei meu roteiro.

    E também é muito importante definir um prazo, porque senão você acaba relendo constantemente e querendo fazer mudanças, pois se torna perfeccionista. Você nunca consegue dizer para si mesmo: “É isso, está acabado”. Ao reler constantemente, você sempre encontra erros, erros de digitação ou elementos que precisam de ajustes. É um ciclo sem fim que também pode se tornar uma fonte de tormento. Você então diz a si mesmo: “Não posso parar por aí, sempre há algo para melhorar”. Definir um prazo permite que você se liberte de tudo isso.

  • Você pode contar um pouco sobre como você cresceu e de onde veio?

    Nasci em França, no Leste, perto da fronteira com o Luxemburgo, e sou descendente de italianos (daí o título do meu argumento, "DISPETTOSO", que escrevi em italiano). Eu cresci em uma pequena cidade nesta fronteira. Aprendi a ler muito cedo e sempre adorei ler histórias.

  • Como sua formação ou experiência pessoal influenciou o tipo de história que você conta?

    Vivi uma viagem de montanha-russa, com experiências em vários setores, que me permitiu descobrir diferentes facetas do mundo do trabalho, incluindo os seus aspectos mais difíceis: hierarquia, manipulação e abuso de poder. Também trabalhei com produção cinematográfica, o que me deu uma visão interna de como um filme é feito, tanto técnica quanto financeiramente.

    Tive a sorte de trabalhar com vários produtores, e alguns me disseram que muitos roteiristas escrevem com restrições orçamentárias em mente: por exemplo, agrupar várias cenas na mesma rua para evitar viagens e otimizar os dias de filmagem.

    As minhas experiências de vida, como as dos meus entes queridos, também me confrontaram com situações humanas extremas. Isso é o que alimenta minha escrita. O que não gosto no cinema é quando as histórias carecem de plausibilidade, coerência interna ou base na realidade.

    Eu queria fazer algo confiável, um pouco como um manual criminal. Você pode me criticar por isso, mas prefiro dizer que estou expondo as falhas do sistema.

  • Há alguma pergunta que não fiz e que você gostaria de discutir?

    Eu moro em Paris. Trabalho com cinema há vários anos, onde atuei em produções, em diversos cargos, em gestão, em trabalhos técnicos, em curtas-metragens de ficção, videoclipes, comerciais de televisão, séries de televisão e também em alguns longas-metragens. Também descobri o campo da pós-produção. Hoje quero concretizar um projeto e, para isso, escrevi um roteiro incorporando elementos de direção. Estruturei deliberadamente este script para que pudesse ser usado com ferramentas de inteligência artificial no futuro, permitindo assim um orçamento rápido e uma renderização visual quase instantânea. Escolhi atores com quem já trabalhei, o que me permitiu ter suas vozes e emoções para dar vida à minha história.

Obrigado, Harry Reite, por ser o membro em destaque da SoCreate desta semana! Mal podemos esperar para ver aonde sua jornada de escrita o levará!

*Esta entrevista foi traduzida do francês.

Privacidade  | 
Visto em:
©2025 SoCreate. Todos os direitos reservados.
Patente pendente nº 63/675.059